sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Mais três coisas que aprendi com minha bicicleta



Estou em minha cama com a perna esquerda toda engessada, pois caí de bicicleta e rompi ligamentos do joelho esquerdo. Tinha planos diversos para este final de ano, mas eles mudaram.

Passado o susto e a dor, gostaria de compartilhar três coisas que andar – ou neste caso cair!  de bicicleta me ensinou.

A vida realmente é imprevisível

Estava inaugurando um novo horário de trabalho, indo bem cedo. A expectativa de conseguir fazer todas as tarefas do dia e ainda finalmente terminar umas pendências me animava muito. Mas tudo mudou: não fiz tais tarefas. Também não fiz a janta saborosa nem preparei a marmita pro outro dia, não fui à academia com minha esposa (nem irei tão cedo) e não participarei da confraternização de final de ano dos colegas dela

Estar vivo inclui a imprevisibilidade e, sob nosso ponto de vista humano e limitado, não devemos ter certeza que tudo ocorrerá conforme planejamos ou queremos. Simples assim.

Sonho realizado não é garantia de realidade perfeita

Desde criança sonhava em usar sapatilhas de ciclista, daquelas que travam os pés no pedal e melhora significadamente o desempenho da pedalada. Mesmo sendo alertado que havia risco de quedas, não ouvi ninguém falar que já tinha se machucado gravemente, pois tais quedas eram bobas e, no máximo, cômicas. O que eu não sabia é que numa queda simples, mas inesperada, conseguiria destravar apenas um pé, e o outro que ficaria preso seria justamente o que culminaria na lesão, fazendo torcer o joelho com o peso da bicicleta que se arrastara ao meu lado. 

O que farei? Ficarei com raiva ou trauma? Não! Não desistirei, nem da bike nem da sapatilha. Afinal, dos nossos sonhos não podemos desistir tão facilmente, não é?

Mesmo sentindo dor algo impressionante pode acontecer

Quando estava caído, sentindo dores enormes e, sem exagero, com uma grande vontade de chorar por sentir (e ver) meu joelho torcido (num momento surreal imaginar não conseguir andar mais), apareceu um rapaz com uma cruz tatuada no braço, perguntou-me como eu estava, falou pra eu ficar tranquilo e disse que também já se machucou de bicicleta dessa forma, usando a tal sapatilha.

O fato é que enquanto ouvia sua voz algo me acalmava lá dentro. Uma sensação muito estranha, porém muito confortadora. Era como se eu fosse uma criança que acabou de se machucar e o pai a pega no colo e a consola. Senti-me desse jeito, e olha que tenho 35 anos de idade e, digamos, não sou tão pequeno! 

Bem, eu acho que Deus permite algumas coisas aparentemente ruins acontecerem justamente para nos lembrar de que sempre seremos crianças diante dele, que somos pó e ao pó retornaremos, e que nossa esperança, nossa saúde e nossos sonhos são Ele, dEle e para Ele.

Logo após esse rapaz ter me ajudado a me calçar novamente, levantar-me e recolher as coisas espalhadas pelo chão, ele caminhou para uma direção que certamente o veria por mais alguns minutos. Em seguida, quando olhei para essa direção para agradecer-lhe mais uma vez, simplesmente não o vi mais...

Que Deus continue presente em nossas vidas, dando-nos coragem, fé e perseverança para lutar por aquilo que ele nos deu e nos prometeu. Deus nos conhece por inteiro, nosso corpo e nossos sonhos, e é ele que nos torna mais que vencedores!

domingo, 21 de setembro de 2014

O que aprendi com minha bicicleta




Às vésperas de se comemorar o Dia Mundial Sem Carro eu não poderia deixar de escrever sobre a magnífica experiência que tem sido utilizar diariamente, nos últimos sete meses, a bicicleta como meu principal meio de transporte.

Talvez o que eu escreverei “chova no molhado” pra muita gente, mas uma coisa é ouvir falar de algo ou somente conhecer fatos, outra bem diferente é vivenciá-los em sua própria vida. Bem, vamos lá!

Pedalar faz bem à saúde

Os resultados dos últimos exames clínicos que fiz me impressionaram. Foi mais marcante ainda porque o laboratório que costumeiramente utilizo mostra os resultados com gráficos incluindo os resultados antigos, e não teve como não perceber a vertiginosa melhoria. Além disso, os onze quilos (sim, 11kg!) queimados sem dietas mirabolantes ou intervenções médicas me incentivaram a finalmente procurar uma nutricionista para melhorar ainda mais minha performance como um futuro ex-gordo!

Pedalar faz bem ao bolso

Um cálculo rápido me faz concluir facilmente que a bicicleta realmente traz economia para aquele que a utiliza. Eu gastava por volta de R$ 300,00 por mês para me locomover de carro, excluindo-se os gastos com manutenção. Esse valor projetado em um ano é quase o triplo do que gastei com minha nova bike (tive a antiga furtada) com todos os acessórios necessários à pedalada urbana (bagageiro, para-lamas, luzes de segurança, kit de troca de pneu, capacete...). Ressalta-se a economia de outro recurso: tempo! Ir ao trabalho de bicicleta corresponde a um acréscimo de apenas quinze minutos se comparado ao tempo gasto quando eu ia de carro. E quando encarava um engarrafamento (coisa “rara” hoje em dia, principalmente em dia de chuva...), o tempo que eu levava para chegar ao trabalho de carro é o mesmo que gasto hoje para me deslocar, tomar banho e almoçar! “E quando chove, o que você faz?”. Capa protetora pra mochila; e pra mim, bem, já vou adiantando o banho!

Pedalar liberta

Uma das verdades mais contundentes que experimentei nesses últimos meses foi como eu estava preso aos fatores de estresse e desgaste que dirigir normalmente ocasiona. Assumo: em alguns dias quando dirigia eu parecia o Pateta no episódio Motor Mania (se o link não funcionar procure no YouTube® por “Pateta no Trânsito”). Pedalar me fez ver como é burrice (ou no mínimo ignorância e falta de cidadania) acelerar ferozmente para daqui a cinquenta metros frear, ou lutar belicamente em uma ultrapassagem, ou ainda utilizar a buzina como mecanismo terapêutico para aliviar a tensão que... dirigir nos causa! Somente quem pedala sabe o que é passar por outro ciclista desconhecido e cumprimentá-lo; sentir o vento refrigerando as ideias; se sentir parte de uma rede chamada trânsito na qual todos, apesar das diferenças e tamanhos, somos importantes para que a vida urbana seja saudável.

Iniciar a utilizar a bicicleta como meio de transporte foi muito difícil. A falta de preparo físico, a inércia (também chamada de preguiça) e as desculpas sempre batiam à porta me falando pra desistir. Mas não desisti. Lembro-me claramente no primeiro dia que encarei a subida na pista que liga a W3 Norte à W3 Sul (em Brasília) e que tive que descer da bicicleta porque pensei que ia morrer por falta de ar e dores nas pernas. Na última sexta-feira passei por lá novamente. A subida? Pra mim, ela já não existe mais!

(Créditos da foto: SINDJUS)




...

terça-feira, 12 de agosto de 2014

O que aprendi com meu pai



É inegável a influência paterna em minha vida. Seja por sua presença ou por sua ausência, pelo carinho ou pela falta de paciência, pelo cuidado ou pela omissão, meu pai me marcou muito: ele foi e é um instrumento contundente no longo e árduo processo de formação do meu caráter. 

Nesse contexto contraditório em que a figura de meu pai transita entre os papéis de herói e medroso, amigo e desconhecido, guerreiro e covarde (em minha memória de criança e em meu coração de adulto), gostaria de compartilhar três coisas que aprendi com aquele que é referencial para eu ser um amigo, um profissional, um esposo e um homem melhor.

Dividir as tarefas de casa

Lembro-me de sempre ouvir minha mãe relatar como era bom, depois de um dia cansativo de trabalho, chegar em casa e me encontrar de banho tomado, cheirando sabonete e de cabelo penteado. Meu pai ajudou bastante minha mãe nas tarefas do lar. Na verdade, mais que ajudar, ele dividia as tarefas com ela. Meu pai colaborava muito cuidando dos filhos, fazendo compras e preparando a comida para todos. E que comida! Se hoje sou quase um chef (risos), agradeço muito a ele!

Gostar de trabalhar

Os dois empregos que meu pai sempre teve me ensinou a não ser preguiçoso. Com ele não tinha tempo ruim: acordava cedo, voltava tarde. É verdade que isso me roubou bons momentos que eu poderia ter tido com ele, mas é inegável que trabalhar com afinco e se dedicar àquilo que se está fazendo, sem reclamar, me serviu como exemplo para que hoje eu me esforce para ser, cada dia mais, melhor naquilo que faço.

Confiar em Deus

Uma vez, quando eu era muito pequeno e ainda não sabia nadar, em uma piscina na qual meus pés não alcançavam o fundo, meu pai me soltava por alguns instantes. Eu, desesperado, batia freneticamente os braços e as pernas para voltar a me segurar naquele que inspirava segurança e cuidado, que significava meu porto seguro, que era meu pai. Hoje, quando vejo que a piscina da vida está muito funda pra mim, que noto que sozinho não consigo lidar com meus medos e meus monstros, que percebo meus conceitos e ideias sendo insuficientes para resolver os desafios da vida... Ah! Desesperado, movimento braços e pernas, mente e coração, tempo e dinheiro em direção àquele que foi, que é e sempre será meu melhor amigo, meu referencial sem oscilações, meu maior confidente, aquele que tem poucos “nãos” e muitos “vamos juntos!”, meu herói perfeito, meu eterno Pai: meu Deus!

Obrigado, pai! Obrigado, Pai!



PS.: A foto que ilustra esta postagem é de quanto eu era pequeno, me sentindo seguro no colo daquele que Deus usou para eu estar aqui hoje!



...